12 fevereiro 2011

Dilma... Isso explica tudo.


Charge de André Macedo, artista Pelotense. Publicado no Diário Popular no dia de hoje. 

08 fevereiro 2011

Diferentes visões no consultório de oftalmologia.

Hoje em uma visita ao oftalmologista, tive uma conversa muito inteligente e duradoura com o medico. Um senhor aparentando uns setenta anos, dotado de uma grande inteligência e simpatia, diferente de outros médicos que já consultei. Este homem indagou questões que aparentemente não teriam relacionamento com os olhos, cito: felicidade,vida e morte, ética medica e psicologia. A conversa se estendeu por quase uma hora.

Felicidade: Tudo que as pessoas fazem é pensando simplesmente em ser feliz, sendo as vezes subconscientemente. Nossas profissões, nossos momentos de lazer, pretendemos sermos felizes em tudo que fizemos. Obviamente a conquista da tão desejada felicidade é a soma de vários fatores, incluindo relacionamentos sociais e amorosos, uma estabilidade financeira, momentos de lazer, entre outros incluindo particularmente um lado espiritual. Lembrando que a felicidade não é constante – como disse muitas vezes neste blog – e a tristeza é fundamental para a existência da felicidade sendo que sem nunca ficássemos tristes não saberíamos o que é felicidade, além disto a triste ajuda a valorizarmos o estado feliz. Mas continuando: a felicidade é o resultado da soma dos momentos felizes, ou seja, quanto mais momentos de felicidade tiver, mais obviamente a pessoa se sentirá feliz. O mesmo caso se usarmos este modo na tristeza. O detalhe da tristeza, é que ela é sempre mais valorizada que a felicidade, ATENÇÃO: valorizada é diferente de desejada, como é o caso da felicidade. As pessoas nunca muitas vezes deixam de lembrar que tiveram bons momentos por que estão passando por uma fase ruim, pode até se dizer que quando uma pessoa se sente triste da a impressão que ela passou toda a sua vida triste.

Vida e morte: A visão que tenho da morte é algo menos pior do que a doença, obviamente as mais graves. Mas a minha visão não é direcionada á pessoa que morre, pois além de ser uma parte natural da vida, ela não é mais um problema para a pessoa que deixou de viver, e sim acaba sendo um problema para os que ficam a viver. Vejam bem, não me entendam mal, a morte é triste, ficamos tristes, sofremos muito e a menos que você tenha psicopatia você vai sofrer muito pela morte de um ente querido. Mas o sofrer dos que vivem, falando de um modo direto e talvez um pouco grosso, é um ato de egoísmo nosso pois lamentamos que aquela pessoa não estará mais com a gente, não fará mais parte de nossas vidas, não falaremos mais com ela. Falo assim em modo cientifico, físico; funciona assim. Para a pessoa que faleceu (vejam bem, estou falando fisicamente) ela não esta sentindo nada, mas como eu disse: para os que vivem choramos por não termos mais aquela pessoa. Podemos dizer que pensamos em nós neste momento. Para quem tem lado espiritual, sabem que esta pessoa está em um lugar melhor. Em fim, nada do que eu disse muda o fato de que a morte de entes queridos é um dos maiores sofrimentos que pode existir, insuportável. Mas considero muito mais triste, uma pessoa que luta sofrendo constantemente em uma cama de hospital, batalhando para viver mais alguns dias de dor, com uma doença incurável. Entendem meu ponto de vista?

Bom, o post já esta muito extenso, então em um outro momento falo sobre os temas de ética médica e psicologia.
Em suma estas foi minhas conclusões sobre as questões indagadas pelo médico no consultório.

continua. 

06 fevereiro 2011

O pequeno príncipe - Capitulo XXI

E foi então que apareceu a raposa:
- Boa dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o
principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira…
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita…
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra…
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua idéia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor… cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto…

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração… É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:



- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.

- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele…
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa…
- Eu sou responsável pela minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

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